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domingo, 28 de setembro de 2008

APOSTILA HOMILÉTICA

HOMILÉTICA

Por: Anderson Dias Meyer
Introdução

Capítulo I. A origem da homilética

1.1. A origem da palavra
1.2.A origem da conversa
1.3. A origem do discurso
1.4. A Retórica
1.5. A Oratória
1.6. A Homilética

Capitulo II. Homilética e Eloqüência

2.1. A Eloqüência. 1.Voz .............................................................................................................................................
2.Vocabulário ..............................................................................................................................
2.2. Algumas regras de Eloquência ..........................................................................................
2.3. O Assunto .............................................................................................................................
1.Conhecer o assunto .................................................................................................................
2.Ter convicção ..........................................................................................................................
2.4.As Palavras ...........................................................................................................................
1. Propriedade ................................................................................................................................
2. Disposição ...................................................................................................................................
3. Fluência ......................................................................................................................................
4. Elegância ....................................................................................................................................

Capítulo III. Ética no Pulpito ......................................................................................................

3.1. O pregador não precisa aparecer. ........................................................................................

Capítulo IV. Estrutura do Sermão .............................................................................................

4.1. Objetivo, Alvo e Assunto .......................................................................................................
4.2. O que falar quando convidado para Pregar em: ................................................................
4.3. Assunto X Tema ....................................................................................................................
4.4. Texto Bíblico ......................................................................................................................
4.5. Exegese ...............................................................................................................................
4.6. Tema ...................................................................................................................................
4.7. Ilustrações ..........................................................................................................................
4.8. Introdução do Sermão .......................................................................................................
4.9. Corpo do Sermão ...............................................................................................................

Capitulo V. Tipos de Sermões .................................................................................................

5.1. Sermão Temático ............................................................................................................. .
5.2. Sermão Textual .................................................................................................................
5.3. O Sermão Expositivo ........................................................................................................
5.4. Conclusão ...........................................................................................................................
5.5. Apelo ...................................................................................................................................
Referências Bibliográfica...........................................................................................................

Apostila de Homilética Anderson 1.

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HOMILÉTICA

HOMILÉTICA: É a ciência que estuda os princípios fundamentais do discurso em público, aplicados na proclamação do evangelho. Este termo surgiu durante o Iluminismo, entre os séculos XVII e XVIII, quando as principais doutrinas teológicas receberam nomes gregos, como, por exemplo, dogmática , apologética e hermenêutica.
As disciplinas que mais se aproximam da homilética são a hermenêutica e exegese que se complementam.
HOMILETIKE – (Grego) ensino em tom familiar
HOMILIA – (do verbo homileo ) Pregação cristã, nos lares em forma de conversa.
PREGAÇÃO Ato de pregar a palavra de Deus.
Pregação é o ato de pregar a palavra de Deus. Pregador (aquele que prega), vem do latim, “prae” e “dicare” anunciar, publicar. Apalavra grega correspondente a pregador é “Keryx”, arauto, isto é, aquele que tem uma mensagem (Kerygma) do reino de Deus, uma boa notícia, uma boa-nova – evangelho, “evangelion”.
DEUS, A PALAVRA E O MINISTRO

DEUS



Pregador Ouvinte/comunidade


O pregador dirigi-se a Deus e transmite ao ouvinte a mensagem levando-o a Deus.

Baseando-se em três passagens da vida de Pedro o pregador deve ser:
1 – Aquele que esteve com Jesus - Atos 4:13
2 – Aquele que fala como Jesus – Mateus 26:73
3 – Aquele que fala de Jesus – Atos 40:10
A proclamação do evangelho é trazer as Boas Novas da Salvação. Apresentar ao público Jesus Cristo, seus ensinamentos e seu propósito, para isso, é preciso que o mensageiro tenha uma identificação completa com Cristo. Conhecer a Cristo de forma especial é além de ser convertido Ter certeza de uma chamada (missão) específica para o ministério da palavra o que só é possível a aquele que “esteve com Jesus”.

CARACTERÍSTICAS DE UM PREGADOR

SOB O PONTO DE VISTA ESPIRITUAL
SOB O PONTO DE VISTA TÉCNICO
Chamado para obra (ordenança) Mt 28:19
Dom da palavra Rm 12: 6,7.8
Conhecer Deus Atos 4:13
Conhecimento da palavra II Tm 2:15
Ter uma mensagem Atos 5:20
Manejo da palavra II Tm 2:15
Unção 2 Reis 2.9
Guardar a palavra no coração Sl 119
Autoridade/ousadia Mc 1:21
Instrumento II Tm 2:15

A palavra de Deus afirma que a fé vem pela pregação da palavra e a pregação pela palavra de Cristo”. Rm 10:17. Entretanto, a falta de preparo adequado do pregador, falta de unidade corporal no sermão, falta de vivência real do pregador na fé cristã, falta de aplicação prática às necessidades existentes na igreja, falta de equilíbrio na seleção de textos bíblicos e a falta de um bom planejamento ministerial trazem dificuldades na proclamação da palavra.
Apostila de Homilética Anderson 2.
Capítulo I. A origem da Homilética

Antes de falarmos sobre a origem da Homilética propriamente dita, vamos pensar um pouco ( numa rápida incursão pela biologia, psicologia e sociologia ), sobre a origem da palavra.

1.1. A origem da palavra

A palavra é um veículo de comunicação. Ela pode ser expressa por sinais corporais ( gestos ), sonoros ( fala ), gráficos ( escrita ), luminosos ( luzes ) e outros.
A palavra falada ( sonora ) é um fenômeno bio-psíquico-social. Biológico, porque ela só é possível a um ser dotado de um cérebro capaz de comandar um sofisticado sistema nervoso que atue sobre todo um sistema fonador, capaz de articular, detalhadamente, os mais complexos sons da voz. Psicológico, porque esse cérebro tem que produzir pensamentos concretos e abstratos e atuar sobre glândulas secretoras dos mais diversos hormônios, que condicionam as emoções e os estados mentais. E sociológico, porque esse cérebro tem que reconhecer o valor indivíduos de sua espécie e possuir um componente racional que o leve ao sacrifício de desenvolver o complicado sistema de comunicação fundamentado na palavra.

A palavra possui dois elementos básicos: o material ( som ), que recebe o nome especial de vocábulo e o imaterial ( idéia ), que recebe o nome de termo.
Inicialmente, a palavra representava apenas uma idéia normativa, isto é, era o nome de uma coisa, de uma ação ou de um sentimento. A rigor, o nome é uma forma de definição, pois ele identifica e define o objeto, embora de modo parcial e às vezes imperfeito. Depois a palavra passou a representar uma idéia elaborada, isto é, um pensamento completo. Do fonema, ela passou a oração e a frase. Da fonética, foi para sintaxe.
Sem dúvida, foi o convívio social que obrigou o homem a por nomes nas coisas, a organizar as suas idéias e a desenvolver o complicado mecanismo da comunicação oral, baseado na palavra. ( Gn 2:19,20 ).
Muito tempo depois de Ter vocalizado a palavra, o homem inventou a escrita. A escrita. A escrita começou com os pictogramas ( desenhos de coisas ou de figuras simbólicas), passou para os ideogramas ( sinais representativos de idéias ), pelos hieróglifos ( desenhos representativos de sons vocais ) e finalmente chegou às letras ( sinais representativos de sons vocais ).

1.2. A origem da conversa

O convívio social, que levou o homem a inventa a palavra e a frase, produziu também a conversa ou conversação, isto é, a troca de palavras. A conversa é um diálogo
entre duas ou mais pessoas.
Os gregos davam à conversa o nome de Homilia ( de onde nos veio a palavra Homilética ) e o romanos a chamavam de sermonis ( de onde nos veio sermão ).
Note que homilia e sermonis são simples sinônimos que significam apenas conversa.


Apostila de Homilética Anderson 3.

1.3. A origem do discurso

O convívio social que produziu a palavra, a frase e a conversa, também produziu o discurso.
Enquanto que a conversa é um diálogo em que o interlocutor tem uma participação direta e real, o discurso é um diálogo em que essa participação é direta, mas de forma imaginária. No discurso, a pessoa que fala, imagina que está trocando idéias com os seus ouvintes e espectadores.
Ninguém sabe quando surgiu o discurso, mas podemos imaginar como ele apareceu. Foi quando alguém teve que alterar a intensidade de sua voz para se comunicar com um grupo de pessoas, pois o discurso tem essas marcas de identidade: a pessoa fala a um grupo. A uma coletividade: e por causa disso, a pessoa tem que falar alto, isto é, tem que aumentar a intensidade ou tonalidade de sua voz. Assim, um pai que tivesse que aumentar o volume de sua voz para orientar ou dar ordens a seus filhos, teria feito um discurso. Um General, que tivesse que se dirigir a seus comandados para orientá-los sobre a batalha, estaria fazendo um discurso.

1.4. A Retórica

Embora não possamos determinar quando nasceu o discurso, podemos dizer quando ele começou a ser estudado como instrumento de comunicação social e quando surgiram as primeiras regras para sua composição.
Desse ponto de vista, podemos dizer que o discurso nasceu na Grécia. Os gregos, que inventaram a democracia, foram os primeiros a estudar as técnicas do discursos.
Na democracia grega, os cidadãos se reuniam nas praças para participarem diretamente nas discussões e nas deliberações sobre os problemas urbanos comuns. Era a democracia direta.
Logo se percebeu que os cidadãos fidantes, de fácil verbo, se expressavam mais adequadamente, dominavam a situação, tornava-se admirados pelas multidões e galgavam os melhores postos na comunidade. Não demorou para que todo o mundo desejasse conquistar os segredos dessa nova arte e nem demorou para que surgissem mestres improvisados, que se espalharam por todo o país.
Assim, a democracia grega não só influenciava o comportamento político de seu povo, mas passava a influir também na educação, determinando-lhe uma nova filosofia educacional. Voltada para a política, a educação adquiria uma nova finalidade: preparar os cidadãos para a vida pública, a fim de que tivessem maior participação nos destinos da sociedade.
Falar em público, tornou-se a coqueluche grega. Era a coisa de que todos precisavam e que deviam aprender. Então surgiu a RETÓRICA.
A palavra retórica é grega e deriva de rêtos, palavra falada. O rétor, entre os gregos, era o orador de uma assembléia. Entre nós, entretanto, a palavra rétor veio a Ter o significado pomposo de “ Mestre de oratória “. O primeiro homem a traçar as normas
Apostila de Homilética Anderson 4.

de um discurso foi Córax, um sofista, da cidade de Siracusa, na Grécia, há 500 anos antes de Cristo. Córaxensinava que o discurso deveria Ter a seguinte disposição: Proêmio (Introdução), narração, argumento, observações adicionais e peroração ( Conclusão ).
Sócrates se opôs a retórica dos sofistas por causa do utilitarismo deles e de sua falta de ética, mas reconheceu que ela poderia se revestir de significado, na medida em que se subordinasse à filosofia. Ele viu o perigo de um retórica se ética, de políticos e causídicos imorais, que poderiam usá-la para fins escusos. Ele tinha tanta razão que a palavra demagogo, que significa “ guia do povo ” ou “ líder popular ”, logo passou a significar, pejorativamente, aquele que ilude, que engana o povo, que trapaceia com o povo.
Em sua defesa perante os que o condenaram à morte, Sócrates aceitou o eklogio de que era “ formidável orador ”, mas taxou de “ aleivosias ” todas as acusações sofistas e de falsa a sua retórica. Na introdução, ele disse: “ Não ireis ouvir um discurso como o deles, aprimorados em verbos e adjetivos e em estilo florido, mas de expressões expontâneas, nos termos em que me ocorrem, porque deposito confiança na justiça do que digo ”. E, finalizou: “ O mérito de um juiz está em saber se o que o orador diz é a verdade”.
Plantão, que escreveu sobre a autodefesa de Sócrates, também deu sua opinião sobre a retórica sofista quando, por fedro, Lamenta o seu descaso pelos deuses “. E, Aristóteles, que escreveu um tratado com o titulo “ Retórica ”, segue o pensamento socrático, deixando claro que essa arte deve estar a serviço da verdade.
O maior orador grego foi Demóstenes. Dizem que ele tinha dificultades de falar, que era gago, mas que a poder de muito esforço e intenso treinamento venceu.

1.5. A Oratória

Os romanos, que sofreram grande influência cultural dos gregos, não podiam deixar de se empolgar também com a Retórica, que logo a absorveram com o nome de Oratória ( de oris, boca ). Cícero foi o maior orador romano. Ele se tornou célebre não só pelas causas que defendeu como advogado e político, mas também pelas teorias que expôs sobre a Oratória. Como teórico, entretanto, ninguém superou Quintilião. A melhor e mais completa obra de oratória, da antigüidade é a “ Instituição Oratória ” de autoria.
Os romanos também nada sabiam a respeito da “ retórica sacra ” ou como eles a denominariam: “ oratória sacra ”, pois esta ainda não existia.

1.6. A Homilética

O cristianismo foi, na verdade, a primeira religião universal que o mundo conheceu. Antes deles, as religiões eram nacionais, tribais ou apenas familiares. O próprio judaísmo, que foi o berço do cristianismo, foi assim. Começou como uma religião familiar ( de Adão a Abraão ), tornou-se tribal ( de Abraão a Moisés ) e chegou a ser nacional ( de Moisés à destruição de Jerusalém, no ano 70 ª D. ).

Apostila de Homilética Anderson 5.

Na antigüidade, as religiões faziam parte da vida das pessoas de maneira natural e integral ( totalitária ). O indivíduo se identificava com o grupo pela raça, religião e política. Não havia, naquele tempo ( o que é hoje ), as divisões entre vida social, civil, militar, política, religiosa, etc. Tudo se confundia numa só identidade. Por isso, os atos políticos tinham caráter religioso e vice-versa, os cultos eram rituais e a liturgia, essencialmente cênica. A educação religiosa era doméstica ( assistemática ) e tradicional. Tudo era feito em família e ninguém se preocupava em comunicar sua religião a pessoas de outras raças. Os deuses eram nacionais, tribais ou familiares. A supremacia de um povo sobre outro, no caso de um conflito militar, era sempre interpretada como prova da superioridade de sua raça e de seus deuses. Por isso, nas religiões não havia lugar para a pregação.
Os próprios gregos, que inventaram a Retórica, e os romanos que a aperfeiçoaram com o nome de Oratória, nada sabiam sobre sua aplicação à religião. Isto porque os antigos não sentiam a necessidade de pregar a fé, de divulgar seus conceitos religiosos ou de fazer da religião uma matéria de comunicação social.
Mesmo entre os hebreus, que tinham uma mensagem universal e que se reconheciam detentores das verdades reveladas por Iavé, não havia a preocupação de comunicar essas verdades a outros povos. Os profetas hebreus, que falaram, que pregaram ou que escreveram dirigiram-se sempre ao ( ou ) contra o seu próprio povo.
Embora bem mais tarde surgisse, entre os judeus, uma seita proselitista ( a seita dos fariseus ), que chegou até a ser missionária, coube ao cristianismo, por ser religião universal e eminentemente missionária, a tarefa de criar a Retórica ou a Oratória Sacra que, no século XVII chamou-se Homilética.
A palavra homilética, como já vimos, vem de homilia, que significa conversa ou conversação. Com o decorrer do tempo, essa palavra, como a latina sermonis, sofreram uma alteração semántica e vieram a significar discurso.
A Homilética nasceu quando os pregadores cristãos começaram a estruturar suas mensagens, seguindo as técnicas da retórica grega e da oratória romana Somente conhecendo a história podemos hoje admitir que a homilética ( que deveria ser a arte da conversação ) seja sinônimo de Retórica ( ou Oratória ), aplicada à religião.
Se Retórica e Oratória são sinônimo usado para identificar o discurso sacro, religioso, cristão. Como tal, ela se despontou no século IV, com os pregadores gregos Basílio e Crisóstomos ( boca de ouro ) e com os latinos Ambrósio e Agostinho.
A parti da Reforma, quando a Bíblia passou a ser o centro da pregação e quando os sermões deixaram de ser apenas discursos éticos ou litúrgicos para se transformarem em mensagens verdadeiramente evangélicas, a homilética passou a ser a arte da pregar o Evangelho.
Ela ajuda o pregador a descobrir as várias alternativas do uso de texto, tornando mais fácil a sua tarefa, enriquecendo os seus sermões e tornando-os mais apreciados. A homilética põe o conteúdo do sermão em ordem. É a arte de ordenar as idéias do pregador para que elas sejam entendidas pelos ouvintes.

Apostila de Homilética Anderson 6.

Capitulo II. Homilética e Eloqüência
2.1. A Eloqüência
Eloqüência é um termo derivado do Latim Eloquentia que significa: Elegância no falar bem, ou seja, garantir o sucesso de sua comunicação, capacidade de convencer. É a soma das qualidades do pregador. Não é gritaria, pularia ou gritaria ou pancadaria no púlpito. A elocução é o meio mais comum para a comunicação; portanto deve observar o seguinte:
1. Voz – A voz, é o principal aspecto de um discurso.
Audível. Todos possam ouvir.
Entendível. Todos possam entender. Pronunciar claramente as palavras. Leitura incorreta, não observa as pontuações e acentuações.
2. Vocabulário – quantidade de palavras que conhecemos.
Fácil de falar – comum a todos, de fácil compreensão – saber o significado.
Evitar as gírias, linguagem incorreta, ilustrações impróprias.

2.2. Algumas regras de Eloquência
- Procurar ler o mais que puder sobre o assunto a ser exposto.
- Conhecimento do publico ouvinte.
- Procurar saber o tipo de reunião e o nível dos ouvintes.
- Seriedade pois o pregador não é um animador de platéia.
- Ser objetivo, claro para não causar nos ouvintes o desinteresse.
- Utilizar uma linguagem bíblica.
- Evitar usar o pronome Eu e sim o pronome Nós.

A palavra eloqüência vem do latim “ eloqüentia ” e significa o ato ou o efeito de se falar bem. Na oratória romana, era a parte que tratava da propriedade, disposição e elegância das palavra. Na eloqüência é mais do que apenas falar bem ( com palavras certas, bem colocadas e elegantes ). A eloqüência é a capacidade de convencer pelas palavras.
As palavras esclarecem, orientam e movem as pessoas. O orador que consegue mover as pessoas, presuadindo-as a atacarem as suas palavras, é eloqüência é a capacidade de persuadir pela palavra.
Há quatro maneiras de persuadirmos ou convencermos alguém a seguir a nossa orientação:

1. Pela força física ( braços e armas ): GUERRA
2. Pela força pessoal ( exemplo ): PSICOLOGIA
3. Pela força social ( costumes e leis ): DIREITO
4. Pela força verbal ( falada ou escrita ): RETÓRICA
A eloqüência, pois, pode ser definida como o conjunto de qualidade de um orador, que leva seus ouvintes a atacarem as suas palavras.
E, para um pregador seja eloqüênte é preciso que ele saiba se comunicar. Há uma relação muito íntima entre a comunicação.
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Pela conceituação acima, vê-se que a eloqüência é o meio da Retórica não só alcançar a sua finalidade, mas também de se firmar como arte, pois se a finalidade da Retórica ( Orátoria e Homilética ) é a persuação, então, é pela eloqüência que ela atinge esse objetivo. E, se a arte é a capacidade de expressar o belo, é pela eloqüência que a Retórica mostra toda a sua beleza.

2.3. O Assunto
1.Conhecer o assunto
O pregador precisa saber o que está falando para poder convencer os outros. A demonstração de que ele domina o assunto, inspira confiança nos ouvintes e lhes facilita a aceitação.
Para isso, o pregador, precisa ser estudioso, pesquisador e observador atilado.


2. Ter convicção
Convicção é a certeza de que se está falando a verdade absoluta. Pela convicção, o pregador envolve o seu intelecto e o seu caráter naquilo que está falando. O pregador eloqüênte precisa revelar não só que está dizendo as coisas certas e, para isso empenha a sua palavra, mas que está sendo movido por motivos honestos. A convicção é mais do que apenas concordância intelectual com a verdade. Ela diz respeito ao caráter do pregador. O pregador eloqüênte revela tranqüilidade diante da desconfiança e do ceticismo de seus interlocutores. Vale dizer que o pregador prescisa crer naquilo que se prega. Se não crê no que diz, porque o diz? Se é imoral vender-se como bom um produto que o próprio vendedor duvida da sua qualidade , como o podemos oferecer Cristo como Salvador do mundo se ainda não o experimentamos como tal? Qualquer persuasão baseada na mentira é fraude. Um pregador sem fé, sem convicção, é um mentiroso, um falsário, um vigarista, um demagogo.

2.4. As Palavras
Vamos adotar a divisão estabelecida pela oratória romana, a saber:

1. Propriedade
A propriedade das palavras consiste no conhecimento exato de sua forma (morfologia oral e escrita), origem ( etimologia), significado atual (semântica ou semiologia) e significado contextual ( sintaxe).
Para isso, o pregador tem que ser amigo da Gramática e da Lexicografia. Deve Ter uma boa Gramática de Língua Portuguesa, um bom dicionário Etimológico e um bom dicionário Teologico, atualizado nos verbetes e na ortografia. Só conhecendo bem as palavras, o pregador pode evitar os barbarismos.

2. Disposição
A palavras devem ser colocadas na ordem lógica ou psicologica, segundo as regras gramáticais. A sintaxe estabelece as regras para a colocação das palavras na
Apostila de Homilética Anderson 8.

oração e a oração no discurso, visando a construção gramatical correta. O pregador deve aprender as regras gramaticais e ler bons autores para evitar solecismos.

3. Fluência
Facilidade de pronúcia. As palavras devem ser livres, bem pronuciadas e bem colocadas.
4. Elegância
A elegância no falar depende: 1) do conhecimento da língua ( como acima exposto ): 2) da criatividade ( habilidade de construir as frases com inteligência e sencibilidade, valendo-se de tropos e figuras de linguagem ) e 3) dicção ( capacidade de articular corretamente a voz ). A boa dicção depende: a) da pronúncia correta da palavra; b) do timbre da voz; e c) da impostação da voz. A dicção determina a clareza e a beleza da pronúncia. O pregador que cuida da elegância de suas palavras, não comete cacófatos nem gíria.


Capítulo III. ÉTICA NO PÚLPITO

“A primeira impressão é a que fica”;
“Em meio ao desenvolvimento da reunião, atravessa todo o corredor principal, aquele que será o pregador do encontro. Toda atenção está voltada para ele, que observado é dos pés a cabeça.”
Seu comportamento, imagem e exemplo é atributo influente na transmissão da mensagem como um todo. Devemos considerar que, quando existe uma indisposição do ouvinte para com o mensageiro, maior será sua resistência ao conteúdo da mensagem.
Não existe uma forma correta de se apresentar. Esteja de acordo com o local e a ocasião, sobretudo as mulheres. Nos homens o uso do “terno e gravata” é adequado a quase todos os locais e ocasiões.
Como são os membros da igreja que visita? Quais são as características da denominação? Qual é o horário de início e término do culto? Em que bairro se localiza?

Observe com atenção estes aspectos errados que devem ser considerados pelo pregador:

ë Fazer uma Segunda e auto-apresentação;
ë Manter a mão no bolso ou na cintura o tempo todo;
ë Molhar o dedo na língua para virar as páginas da bíblia;
ë Limpar as narinas, cocar-se, exibir lenços sujos, arrumar o cabelo ou a roupa;
ë Usar roupas extravagantes;
ë Apertar a mão de todos. (basta um leve aceno)
ë Fazer gestos impróprios;
ë Usar esboços de outros pregadores, principalmente sem fonte;
ë Contar gracejos, anedotas ou usar vocabulário vulgar.
ë Não fazer a leitura do texto ( Leitura deve ser de pé)
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ë Evitar desculpas, você começa derrotado ( não confundir com humildade);
ë Chegar atrasado;

3.1. O pregador não precisa aparecer.

Quando convidado para pregar em outras igrejas, o pregador deve considerar as normas doutrinárias, litúrgicas e teológicas da igreja em questão.
1 – Evite abordar questões teológicas muito complexas;
2 – Não peça que a congregação faça algo que não esteja de acordo com os preceitos;
3 – Procure estar dentro dos padrões da denominação;
4 – Procure dar conotações evangelísticas a mensagem;
5 – Respeite o horário ( mesmo que seja pouco tempo );
6 – Converse sempre com o Pastor antes do início do culto.

Obs.
A) Caso não concorde com alguns aspectos, não aceite o convite.
B) Doutrina e mudanças cabem ao pastor da igreja
C) Se acredita Ter recebido uma mensagem de Deus dentro desses aspectos: Fale com o Pastor.

Capítulo IV. ESTRUTURA DO SERMÃO

Qualquer explicação requer organização, ordenação, lógica e clareza. Sendo o sermão uma explicação da palavra e vontade de Deus esse deve ser didático. A prática de pregações através dos tempos levou o estudiosos do assunto a relacionarem alguns elementos básicos que devem estar presentes nos sermões, dando a eles uma estrutura que facilita o desenvolvimento da mensagem. Esses elementos, Alvo, texto, tema, introdução, corpo, conclusão e apelo compõem o que chamamos de estrutura do sermão são imprescindíveis pois norteiam a linha de pensamento do pregador direcionando o ouvinte para o conteúdo da mensagem.
ALVO OU OBJETIVO – Neste momento do sermão, o objetivo ou assunto , o pregador deverá ser inspirado por Deus. É exatamente aqui que ele recebe a mensagem que tem a pregar e a partir deste ponto estruturá-la para levar a igreja. Se você não tem nada para falar, não fale nada. Se o Espírito Santo lhe der algo a falar, fale, mas fale direito.
TEXTO BÍBLICO – O assunto do sermão deverá ser baseado em um texto bíblico.
TEMA – Para que o ouvinte possa Ter uma idéia do que você tem a falar é imprescindível o emprego de um tema. O ouvinte realmente estará adentrando no seu sermão.

Apostila de Homilética Anderson 10.

INTRODUÇÃO – Começar bem é provocar interesse e despertar atenção. Aproximar o ouvinte do sermão e dar a ele uma noção ou explicação do que vai ser falado.
CORPO - Essa é a principal parte. Onde deverá está o conteúdo de toda mensagem, ordenado de forma lógica e precisa.
Neste ponto também deverão ser abordadas algumas aplicações utilizadas durante o sermão como, ILUSTRAÇÕES, FIGURAS DE LINGUAGEM, MATERIAL DE PREPARAÇÃO.
CONCLUSÃO – “Uma conclusão desanimada, deixará os ouvintes desanimados”. Baseados no objetivo específico do sermão a conclusão é uma síntese do mesmo e deve ser uma aplicação final à vida do ouvinte.
APELO – Um esforço feito para alcançar a consciência, o coração e a vontade do ouvinte. São os frutos do sermão.

4.1. OBJETIVO, ALVO E ASSUNTO

O objetivo da homilética, de uma forma geral, é a conversão, a comunhão, a motivação e a santificação para vida cristã.
O assunto de uma mensagem é algo particular entre o pregador e Deus.
Para ter assunto é preciso viver em comunhão e oração para que o Espírito Santo possa falar em seu coração.
A grande questão é: como Deus fala conosco? A forma de Deus falar é individual e peculiar.
Algumas pessoas acreditam que Deus fala somente de forma sobrenatural. Entretanto, Deus pode falar com você de todas as formas possíveis, fique atento, inclusive aquelas que você menos imagina. No ônibus, em casa, no trabalho, no banho, lendo a bíblia, olhando a paisagem, ouvindo uma mensagem, conversando, pensando, através de pessoas ou coisas, em sonho, em revelação, no meio de uma crise, ouvindo testemunhos, através de crianças, ouvindo uma música, em seu lazer, em um acidente, uma lição de vida, viajando, etc.

4.2. O QUE FALAR QUANDO CONVIDADO PARA PREGAR EM :

* CONGRESSOS E CONFRATERNIZAÇÕES
Neste caso os assuntos são apresentados pelos organizadores do evento. Para o pregador, o desafio está em desenvolvê-lo. Tenha intimidade com Deus para transmitir exatamente o que Ele quer falar.
Embora exista um tema, normalmente, este é geral, podendo o pregador ser mais específico.
Exemplo: TEMA DO CONGRESSO: “A videira verdadeira” João 15: 1 a 8
Você pode falar sobre: “Como o cristão pode Ter uma vida frutífera” , “Por que o cristão deve Ter uma vida frutífera?” ou até mesmo , “Os frutos da videira na vida do cristão”, utilizando outros textos e inserindo um subtema.

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* DATAS COMEMORATIVAS/ CULTOS ESPECIAIS

Situações onde o assunto é uma explicação do momento. São cultos realizados em virtude de acontecimentos específicos na igreja local.
Dentre os cultos especiais podemos destacar:
· Casamento
· Natal
· Aniversariantes
· Dízimos
· Batismo
· Consagração
· Aniversário da Igreja
· Posse
· Cultos dos departamentos ( Juventude, irmãs, crianças, etc.)
· Nascimento e apresentação de bebês
· Funeral
· Doutrinário
· Evangelístico

Atenção! Conheça e domine os textos bíblicos para explorar estes assuntos mais facilmente.
“Para pregar, o pregador leigo deve combinar ou casar o assunto do sermão com um texto da palavra de Deus”.

4.3. ASSUNTO X TEMA

Assunto é o objetivo que você deseja alcançar por inspiração de Deus e o tema é como você vai dizer para o público qual é o seu objetivo.

4.4. TEXTO BÍBLICO

O texto bíblico é a passagem bíblica que serve de base para o sermão.
Esse texto deverá fornecer a idéia ou verdade central do sermão. Nunca se deve tomar um texto somente por pretexto, e logo se esquecer dele.
Segundo Jerry Stanley Key, existem algumas vantagens no uso de um texto bíblico:

1 - O texto dá ao sermão a autoridade da palavra de Deus.
2 - O texto constitui a base e alma do sermão;
3 - Através da pregação por texto o pregador ensina a palavra de Deus;
4 - O uso do texto ajuda os ouvintes a reter a idéia principal do sermão;
5 - O texto limita e unifica o sermão;
6 - Permite uma maior variedade nas mensagens;
7 - O texto é um meio para a atuação do Espírito Santo.
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4.5. EXEGESE

Exegese é o trabalho de exposição de um texto bíblico.

DEZ PASSOS PARA UMA BOA EXEGESE

1 - Leia o texto em voz alta, comparando com versões diferentes para maior compreensão.
2 - Reproduza o texto com suas próprias palavras. (Fale sozinho)
3 - Observe o texto imediato e remoto.
4 - Verifique a linguagem do texto ( história, milagre, ensino, parábola, profecia, etc.)
5 - Pesquise o significado exato das principais palavras;
6 - Faça anotações;
7 - Pesquise o contexto ( época, país, costumes, tradição, etc.)
8 - Pergunte sempre onde? Quem? O que? Por que?
9 - Organize o texto em seções principal e secundárias;
10 - Resuma com a seguinte frase: “O assunto mais importante deste texto é...”

4.6. TEMA

O tema do sermão contém a idéia principal e o objetivo da mensagem. Deve ser estimulante e despertar o interesse, a curiosidade e a atenção do ouvinte. Deve ser claro, simples e preciso bem como, oportuno e obedecer o texto.
Para se desenvolver um bom tema o pregador precisa Ter criatividade, hábito de leitura, visão global do sermão e ser sintético.

TIPOS DE TEMAS:

Interrogativo: Uma pergunta, que deve ser respondida no sermão.
Ex.: Onde estás? Que farei de Jesus? Tenho uma arma o que fazer com ela?

Lógico: Explicativo.
Ex.: O que o homem semear, ceifará; Quem encontra Jesus volta por outro caminho.

Imperativos: Mandamento, uma ordem; Caracteriza-se pelo verbo no modo imperativo.
Ex.: Enchei-vos do espírito; Não seja incrédulo; Não adores a um Deus morto.

Enfáticos; Realçar um aspecto específico;
Ex.: Só Jesus salva; Dois tipos de cristãos;

Geral: Abrangente, aborda um assunto de forma geral sem especificá-lo.
Ex.: Amor; fé, esperança.


Apostila de Homilética Anderson 13.

4.7. ILUSTRAÇÕES

São recursos usados para o enriquecimento, e o esclarecimento de uma mensagem, quando devidamente aplicada.
O senhor Jesus sempre tinha uma boa história para iluminar as verdades que ensinava ao povo.
O significado do termo ilustrar é tornar claro, iluminar, esclarecer mediante um exemplo, ajudando o ouvinte a compreender a mensagem proclamada. O bom uso da ilustração desperta o interesse, enriquece, convence, comove, desafia e estimula o ouvinte, valoriza e vivifica a mensagem, além de relaxar o pregador.
A ilustração não substitui o texto bíblico apenas tem uma função psicológica e didática, para tornar mais claro aquilo que o texto revela.
As ilustrações devem ser simples, está correlacionadas com a mensagem, devem fornecer fatos de interesses humanos e devem Ter um ponto alto ou clímax

Obs.: OS EXEMPLOS BÍBLICOS SÃO AS MELHORES ILUSTRAÇÕES.

As ilustrações podem ser:

HISTÓRICA E CONTEXTUAL: Quando se aplica um conhecimento histórico ou explicação do contexto em que o texto está inserido. Exemplos:
a) Fundo da agulha – Porta estreita na cidade de Jerusalém onde, os mercadores tinham dificuldades de passar com os camelos. Mateus 19:24.

CONHECIMENTO INTELECTUAL: Envolve o conhecimento científico, psicológico, técnico e cultural. Exemplos:
v Técnico científico – A antena da TV recebe todas as frequências ao mesmo tempo entretanto, quando escolhemos um canal, através da sintonia, estamos selecionando uma determinada frequência.

METAFÓRICA OU ALEGÓRICA: Quando são empregadas figuras metafóricas como histórias e estórias. Exemplos
· Ao se aproximar da cidade do Rio de Janeiro um indivíduo reparou que o cristo redentor não era tão grande como pensava, parecia até mesmo ser menor do que seu dedo. No centro da cidade observou que estátua teria aumentado e já estava praticamente do seu tamanho, resolveu então ir até o monumento. No pé do corcovado ficou admirado com as proporções maiores do símbolo da cidade. Chegando então aos pés do cristo redentor ele pode perceber , como lhe disseram, que aquele era bem maior do que ele.
EXPERIÊNCIA PESSOAL: Testemunhos. Exemplos
· Neste tipo de ilustração o pregador relata fatos verídicos que demonstram a atuação de Deus, através de milagres, em sua vida ou de outras pessoas. Todos as respostas
que Deus atendeu realizando curas, transformações, salvação, livramentos, libertação, etc.
Apostila de Homilética Anderson 14.

Use no máximo duas ilustrações por sermão. Toda ilustração deve Ter uma aplicação e devem ser comentadas com simplicidade e naturalidade.

4.8. INTRODUÇÃO DO SERMÃO

Começar é difícil. Muitos escritores escrevem a introdução quando terminam o livro.
Alguém disse: “O pregador começou por fazer um alicerce para um arranha-céu, mas acabou construindo apenas um galinheiro”.
A introdução é tão importante quanto a decolagem de um avião que, deve ser bem perfeita para um vôo estabilizado. Ela, por certo, deve envolver o ouvinte, despertar o interesse e curiosidade e, também, ser um meio de conduzir os ouvintes ao assunto que está sendo tratado no sermão. Uma boa introdução dá ao pregador segurança, tranquilidade, firmeza e liberdade na pregação.

Tipos de introdução: Você pode usar um destes tipos para iniciar um sermão:
1 – ILUSTRATIVA – Uso de uma ilustração na introdução.
Imagine que o assunto que será abordado seja complexo e abstrato. Então, comece com uma ilustração que explique e esclareça o que pretende dizer.

2 – DEFINIÇÃO – Explicação detalha de um determinado conceito.
Explique para o ouvinte o que tem a dizer. Dê a ele conceitos significados de símbolos, termos e assuntos que ele provavelmente não conheça.
Em um sermão onde o assunto é a PAZ, o pregador explicou, na introdução, o que é a paz, seus significados no velho e novo testamento, evolução lingüística do termo paz e a aplicação termo hoje.
3 – DIVISÃO – Quando se fala de características opostas. Mostre os dois lados da moeda.
Lendo o texto de Romanos 8: 1 a 17 é possível observar como Paulo trata de dois assuntos opostos, vida através do espírito e vida através da carne.
A introdução por divisão é aquela em que se fala ou compara assuntos como, “paz e guerra”, “amor e ódio”, “salvação e perdição” , “vida cristã e vida mundana”, etc.
4 – CONVITE – Convidar o ouvinte para participar e agir. Leve o ouvinte à ação.
Use os verbos no imperativo.
Analisando o texto de Isaías 55 podemos observar que há um predomínio de verbos (vinde, inclinai, vede, buscai, deixe, invocai etc ) no IMPERATIVO, que caracterizam um convite e ao mesmo tempo uma ordem. Dessa forma o ouvinte está sendo estimulado a agir, fazer ou participar.
5 – INTERROGAÇÃO – Uma pergunta (deverá ser respondida no corpo do sermão).
Para sermões onde o tema é uma pergunta é interessante que esta seja bem explorada na introdução. Observe que, se estamos falando sobre morte ou salvação cabe aqui uma pergunta como “Para onde iremos nós?”, que deve levar o ouvinte a uma reflexão profunda, e para reforçar pode-se usar o texto de Lucas 12:20 “Mas Deus lhe

Apostila de Homilética Anderson 15.

disse: Insensato, esta noite te [pedirão] a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?”
As perguntas da introdução devem ser respondidas no corpo do sermão.
6 – SUSPENSE – A mensagem principal está oculta e será esclarecida no corpo do sermão.
7 – ALUSÃO HISTÓRICA – Explicar o contexto histórico.
Explique o contexto do texto em que será aplicada a mensagem ( época, país, costumes, tradição, etc.). Observe o texto de João 4: 1 a 19. Caso sua mensagem esteja baseada neste texto, introduza com uma explicação detalhada das relações entre os Judeus e os Samaritanos, as relações entre os homens e as mulheres, a lei acerca do casamento, a origem do poço de Jacó, etc.

CARACTERÍSTICAS DA INTRODUÇÃO
Uma introdução bem estruturada, deve apresentar algumas características como, clareza e simplicidade, deve ser um elo de ligação com o corpo do sermão e uma ordenação de pensamentos de forma lógica e sistematizada e, não deve prometer mais do que se pode dar. É preciso estar atento para o tempo de duração da introdução que, deve ser breve e proporcional ao sermão. Evitar desculpas que possam trazer uma má impressão.

4.9. CORPO DO SERMÃO

Esta deve ser a principal parte do sermão. Aqui o pregador irá expor idéias e pensamentos que deseja passar para os ouvintes. As divisões devem ser desenvolvidas de acordo com a realidade de hoje. Depois de Ter estudado e de fazer uma boa exegese do texto que será usado no sermão deve-se ensinar e aplicar os propósitos de acordo com os nossos dias.
As divisões devem Ter significados para os ouvintes e, não devem se desviar da mensagem principal que é a coluna do sermão, o objetivo será finalizado e apresentado na conclusão.
É necessário ser vocacionado para o Dom da palavra, mas podemos aprender algumas técnicas que podem ajudar ao pregador no preparo do sermão.

COMO TIRAR PONTOS DO TEXTO
1 – Leia todo o texto. Ex.: Atos 2: 37 a 47
2 – Procure a idéia principal do texto. (Observe o subtema, o contexto, e a situação)
3 – Procure os principais verbos e seus complementos
4 – Com base nos verbos retirados crie frases (divisões) que os complemente e que, passem uma idéia ou estejam ligadas com a mensagem a ser pregada.
5 – Organize as frases dentro da idéia principal.
· Faça o mesmo para Salmos 1:1 e 2 e desenvolva divisões para o seguinte sermão
“As quatro maneiras de ser bem-aventurado”.

Apostila de Homilética Anderson 16.

CARACTERÍSTICAS DO CORPO DO SERMÃO
As divisões retiradas do texto devem se apresentar de forma ordenada no sermão para que não haja uma confusão de idéias. O ouvinte precisa acompanhar o seu desenvolvimento . “Cada divisão, subdivisão, e até ilustrações e explicação, tem que apontar na direção do alvo e em ordem de interesse”. Cada ponto deve discutir um aspecto diferente para que não haja repetição.
As frases devem ser breves e claras. As divisões servem para indicar a linha de pensamento a serem seguidas ao apresentar o sermão. Entretanto, deve-se fazer uma discussão que é o descobrimento das idéias contidas nas divisões.

Capitulo V. TIPOS DE SERMÕES

Tradicionalmente encontramos, praticamente em todos as obras homiléticas, três tipos básicos de sermões:
SERMÃO TEMÁTICO: Cujos argumentos (divisões) resultam do tema independente do texto;
SERMÃO TEXTUAL: Cujos argumentos (divisões) são tiradas diretamente do texto bíblico;
SERMÃO EXPOSITIVO: Cujos argumentos giram em torno da exposição exegética completa do texto.

5.1. SERMÃO TEMÁTICO

É aquele em que toda a argumentação está amarrada em um tema, divide-se o tema e não o texto, o que permite a utilização de vários textos bíblicos.
Observe o exemplo: Tema: “A PAZ QUE SÓ JESUS PODE DAR...”
1 – ...ilumina nosso caminho Lucas 1:79
2 – ...liberta a nossa mente de pensamento perturbador João 14:27
3 – ...retira sentimento de medo João 20:19 e 20
4 – ...salva João 3:16

Repare que cada tópico (divisão) apresenta uma característica da “Paz” proposta pelo tema, mas, para cada ponto há um texto diferente, ou seja, a base do sermão é a “Paz de Jesus” que é abordada em diversos textos bíblicos.
É necessário aplicar um texto bíblico em cada divisão do tema para não atrair muito a atenção para o pregador em detrimento da palavra de Deus. Deve-se evitar divagações e generalizações vazias e inexpressivas.
O sermão temático exige do pregador mais cultura geral e teológica, criatividade, estilo apurado, contudo, o sermão temático conserva melhor a unidade.

COMO RETIRAR IDÉIAS E ARGUMENTOS (DIVISÕES) DO TEMA
· Escolher o tema – (Criar frases, retirar de textos bíblicos ou de outras fontes);
· Analisar o tema – (repetir e refletir várias vezes);
· Pergunte-se, o que deve falar sobre o tema;

Apostila de Homilética Anderson 17.

· Extrair a principal palavra ou frase do tema – (Ela pode se repetir nos argumentos);
· Separe no mínimo 3 argumentos ligados ao tema;
· Pesquisar passagens bíblicas que se refiram aos argumentos.;
· As divisões são explicação ou respostas do tema.

ATIVIDADES
1 – Crie três argumentos (divisões) que expliquem o seguinte tema:
Tema: “Quem ama a Deus é correspondido”.
1 - ___________________________________________________ Textos: I Cor 8:3 I João 4:20.1
2 - ___________________________________________________ Rom 8:39 I João 4:9
3 - ___________________________________________________ João 3:16

5.2. SERMÃO TEXTUAL

É aquele em que toda a argumentação está amarrada no texto principal que, será dividido em tópicos. No sermão textual as idéias são retiradas de um texto escolhido pelo pregador.
Como já estudamos anteriormente, aqui estão algumas dicas para tirar pontos do texto.
As divisões do sermão textual podem ser feitas de acordo com as declarações originais do texto. Ou se utilizar de uma análise mais apurada baseando-se em perguntas como: Onde? Que? Quem? Por que? Que deverão ser respondidas pelas declarações ou frases do texto. E ainda pode-se dividir por inferência, as orações textuais são reduzidas a expressões sintéticas que encerra o conteúdo.

COMO TIRAR PONTOS DO TEXTO

1 – Leia todo o texto.
2 – Procure a idéia principal do texto. (Observe o subtema, o contexto, e a situação)
3 – Procure os principais verbos e seus complementos. Lembre-se verbo é ação.
4 – Procure os sentidos expressos nas representações simbólicas, metáforas e figuras.
4 – Com base nos verbos e significados retirados crie frases (divisões) que os complemente e que, passem uma idéia ou estejam ligadas com a mensagem a ser pregada.
5 – Organize as frases dentro da idéia principal.– Leia todo o texto. Ex.:

Observe o exemplo: Texto: Salmo 40:1-4
Tema: Nem antes, nem depois, no tempo de Deus.
Introdução: (Definição) Esperança significa expectação em receber um bem. O mundo é imediatista.
Corpo: O que acontece quando você espera no senhor?
1 – Ele te retira da condição atual. ( Qual é o seu lago terrível? )
2 – Ele te coloca em segurança, na rocha. ( Te dá visão para solucionar o problema )
3 – Ele requer a sua adoração, um novo cântico. ( Adorar em Espírito e verdade )
Apostila de Homilética Anderson 18.

4 – Ele te faz testemunha, muitos o verão. ( serme-eis testemunha )

Repare que cada tópico (divisão) apresenta um termo ou uma passagem do texto. De tal forma que o texto pode ser bem explorado pelo pregador.
Deve-se evitar divagações e generalizações vazias e inexpressivas.
O sermão textual exige do pregador conhecimento do texto, contexto e cultura bíblica.

ATIVIDADES:

1 – Crie três argumentos (divisões) para o seguinte sermão textual:
Texto: Tiago 3: 17
Tema: A sabedoria que vem Deus.
Introdução: ( Divisão ) Sabedoria terrena.
Corpo: A sabedoria que vem do alto é:
1 – _________________________________________________________________
2 – _________________________________________________________________
3 – _________________________________________________________________

5.3. O SERMÃO EXPOSITIVO

É aquele que explora os argumentos principais da exegese, hermenêutica e faz uma exposição completa de um trecho mais ou menos extenso. O sermão expositivo é uma aula, uma análise pormenorizada e lógica do texto sagrado. Este tipo do sermão requer do pregador cultura teológica e poder espiritual.
O sermão expositivo é o método mais difícil, apreciado pelos que se dedicam à leitura e ao estudo diário e contínuo da bíblia, deve ser feito uma análise de línguas, interpretação, pesquisa arqueológica, e histórica, bem como, comparação de textos.

CARACTERÍSTICAS DO SERMÃO EXPOSITIVO

· Planejamento
· Poder abordar um grande texto ou uma passagem curta;
· Interpretação mais fiel;
· Análise profunda do texto;
· Unidade, idéias subsidiárias devem ser agrupadas com base em uma idéia principal;
· Não é suficiente apresentar só tópicos ou divisões;
· Tempo de estudo dos pontos difíceis;
· Pode ser abordado em série.

É muito comum o uso do sermão expositivo em pregações seriadas como conferências e estudo bíblico.

Apostila de Homilética Anderson 19.

5.4. CONCLUSÃO

É o clímax da aplicação do sermão
“Para terminar!” , “Concluindo”, “Só para encerrar”, “Já estamos terminando”.
Você já ouviu estas frases? Muitas pessoas não sabem terminar uma conversa, ficam dando voltas ou se envolvem em outros assuntos, sem ao menos perceber que o tempo está passando e o ouvinte já está angustiado com a demora.
Assim, muitos pregadores não sabem ou não conseguem concluir um sermão. Isso acontece por que estes não preparam um esboço e suas idéias estão desordenadas, logo, não conseguem encontrar uma linha condutora da conclusão do sermão.

COMO DEVE SER A CONCLUSÃO ?

1 – Apontar o objetivo específico da mensagem;
2 – Clara e específica;
3 – Resumo do sermão (o sermão em poucas palavras)
4 – Aplicação direta a vida dos ouvintes;
5 – Pequena;
6 – Faça um desfecho inesperado.

Logo, uma boa conclusão deve proporcionar aos ouvintes satisfação, no sentido de haver esclarecido completamente o objetivo da mensagem. É preciso Ter um ponto final para que o pregador não fique perdido.

OBS.: NÃO DEVE PREGAR UM SEGUNDO SERMÃO

5.5. APELO

Um esforço feito para alcançar o coração, a consciência e a vontade do ouvinte.
Apelo não é apelação.
Dois tipos de apelos:

· CONVERSÃO/RECONCILIAÇÀO – Aos ímpios e aos desviados.
· RESTAURAÇÃO – A igreja

COMO DEVE SER O APELO ?

1 – Convite
2 – Impactante e direto
3 – Não forçado ou prolongado
4 – Logo após a mensagem.


Apostila de Homilética Anderson 20.

No apelo você deve dizer ao ouvinte o que ele deve fazer para confirmar a sua aceitação. Seja claro e mostre como ele deve agir.

· Levantar as mãos;
· Ir a frente;
· Ficar em pé;
· Procurar uma igreja próxima;
· Conversar com o pastor em momento oportuno.


Referências Bibliográficas

SILVA, Plinio Moreira da. Homilética a Eloqüência da Pregação. 6 edição. Editora A. D. Santos Editora. Curitiba Pr. 1999

BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblicas. 11 edição. Editora Vida. São Paulo SP. 1997

MACALÃO, Paulo Leivas. Apostila de Homilética. STPLM. Brasília DF.

GONÇALVES, Pr Ilton. Apostila Conhecimento de Homilética.

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